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Em relação às anfetaminas, grupo carbonilo presente na posição β da cadeia feniletilamina das catinonas sintéticas aumenta a polaridade das mesmas, resultando na diminuição da sua capacidade em atravessar a BHE. No entanto, no caso do MDVP, a presença do anel pirrolidina aumenta bastante a sua lipofilia facilitando a chegada deste composto ao cérebro. 

(Valente et al. 2014)

 

 

 

METABOLISMO DAS CATINONAS SINTÉTICAS

 

A nível metabólico, as catinonas sintéticas são susceptíveis a sofrer reações de metabolismo de fase 1 após serem absorvidas, nomeadamente reações de redução do β-carbonilo, por ação de enzimas microssomias  (Valente et al. 2014).

 

Mefedrona

 

FASE  1

 

A isoenzima CYP2D6 do citocromo P450 é a principal responsável pelo metabolismo de fase 1 deste composto ao nível dos microssomas hepáticos.

A mefedrona origina metilefedrina após redução do grupo β-carbonilo, sendo posteriormente metabolizada a efedrina por reações de N-desmetilação. Para além da N-desmetilação da amina primária, este composto pode sofrer reações de oxidação ao nível do grupo metilo associado ao grupo fenilo, originando um álcool. O álcool formado pode ser novamente oxidado e originar um ácido carboxílico (figura 1) (Valente et al. 2014).

 

Figura 1: Metabolismo de fase 1 da mefedrona.Adaptado de Valente et al. (2014)

Para além disso, é expectável que os metabolitos reduzidos sofram reações de metabolismo de fase 2 ao nível dos grupos hidroxilo (Valente et al. 2014).

 

FASE 2

 

Os metabolitos de fase 2 da mefedrona são resultado de reações de acetilação e/ou glucorunidação (figura 2) (Valente et al. 2014).

Figura 2: Metabolismo de fase 2 da mefedrona: (A) Glucorunidação; (B) N-acetilação. Adaptado de Valente et al. (2014)

Metilona, Butilona e Etilona

 

FASE 1

 

O metabolismo de fase 1 destes compostos pode seguir três mecanismos, nomeadamente a redução do β-carbonilo, desmetilação seguida de O-metilação mediada pela COMT e a N-desalquilação, sendo este último o mecanismo minoritário (figura 3) (Valente et al. 2014).

Figura 3: Metabolismo de fase 1 da metilona, butilona e etilona Adaptado de Valente et al. (2014).

FASE 2

 

Os metabolitos hidroxilados originados a partir das reações de redução e O-metilação estão mais susceptíveis a reações de metabolismo de fase 2, nomeadamente glucorunidação e sulfonação dos grupos hidroxilo. Assim, formam-se conjugados que são posteriormente exretados pela urina (Valente et al. 2014).

 

 

α-PVP e MDVP

 

FASE 1

 

Tal como em todas as restantes catinonas sintéticas, nestes compostos o grupo β-carbonilo é reduzido originando um álcool.

No caso do MDVP, o  anel 3,4-metilenodioxilo é metabolizado produzindo o catecol e  a metoxicatecol pirovalerona, os principais metabolitos correspondentes ao MDVP.

Para além disso, o anel pirrolidina destes compostos pode ser degradado originando aminas primárias. Por outro lado, ao nível da cadeia lateral e posição 2’ pode ocorrer hidroxilação, seguindo-se a desidrogenação, resultando um grupo cetona e lactamo, respetivamente (Valente et al. 2014).

Por último, o anel pirrolidínico pode abrir originando um aldeído alifático que pode sofrer posteriormente oxidação originando um ácido carboxílico (figura 4).

 

 

Figura 4:  Metabolismo de fase 1 do MDVP e α-PVP. Adaptado de Valente et al. (2014)

FASE 2

 

Os metabolitos catecol e metoxicatecol pirovalerona formam conjugados após sofrerem sulfonação e glucorunidação que são depois excretados na urina (Valente et al. 2014).

 

Flefedrona

 

O metabolismo da flefedrona é explicavelmente mais lento em relação às outras catinonas sintéticas, dado que a fluoração resulta frequentemente em compostos mais estáveis e por isso mais resistentes à clivagem enzimática da ligação C-F (Valente et al. 2014).

 

FASE 1

 

Tal como todas as catinonas sintéticas, o metabolismo de fase 1 deste composto inclui a redução do grupo cetona e a N-desmetilação para originar uma amina primária, assim como a hidroxilação do grupo fenilo. É ainda importante referir que a N-desmetilação da flefedrona é mediada pelo CYP2B6, no entanto, as isoenzimas 2D6, 2C19, 2E1 e 3A4 também são capazes de metabolizar esta reação (Valente et al. 2014).

 

FASE 2

 

O metabolito resultante da redução do grupo cetona pode ser excretado como um conjugado do ácido glucorónico (Valente et al. 2014).

BIBLIOGRAFIA

 

Valente MJ, Guedes de Pinho P, de Lourdes Bastos M, Carvalho F, Carvalho M (2014) Khat and synthetic cathinones: a review. Archives of toxicology 88(1):15-45 doi:10.1007/s00204-013-1163-9

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