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Os efeitos produzidos pelas catinonas sintéticas são semelhantes aos originados pela ingestão de C. edulis, também conhecida por Khat.

Indivíduos que administram estes compostos descrevem aumento de energia e excitação. Também se verifica o aumento do estado de alerta, aumento da autoestima e da líbido, aumento da sensação de segurança e capacidade de concentração e comunicação, constituindo um bom contributo a nível social.

Tal como no Khat, os efeitos tóxicos mais frequentemente reportados pelo uso de catinonas sintéticas são os neurológicos e cardiovasculares, dado que estes compostos interferem com o mecanismo de ação das catecolaminas. Contudo, outros efeitos também podem ser observados, nomeadamente a nível gastrointestinal (Valente et al. 2014).

EFEITOS TÓXICOS DAS CATIONONAS SINTÉTICAS

EFEITOS NEUROLÓGICOS

 

Agitação, paranoia, alucinações, dores de cabeça, insónias, depressão e alterações na memória a curto prazo são os sintomas neurológicos mais frequentes (tabela 1).

As alucinações provocadas por estes compostos são frequentemente de natureza auditiva e tátil e acompanhadas de psicoses severas e de longa duração. Mesmo após cessar o consumo destes compostos, os sintomas psicóticos persistem por vários dias, mesmo quando os pacientes já estão a receber tratamento (German et al. 2014; Valente et al. 2014).

 

 

EFEITOS PERIFÉRICOS

 

Os efeitos tóxicos periféricos (tabela 1) mais comuns incluem hipertermia, hipertensão, taquicardia, hiponatremia, náuseas, vómitos e dores no peito. Também pode ser observado o aumento da sudorese, vertigens, palpitações, tremores, entre outros (German et al. 2014; Valente et al. 2014).

O aumento da secreção da hormona antidiurética mediada pelo aumento da serotonina, provocada pelo uso das catinonas sintéticas, leva à diminuição de sódio no plasma, originando hiponatremia. No caso da hipertermia, esta constitui um efeito tóxico associado ao consumo de diferentes catinonas sintéticas, incluindo a mefedrona, metilona, butilona, metedrona e MDPV (Valente et al. 2014).

Para além de todos os efeitos adversos descritos até agora, outros efeitos mais graves têm sido associados à intoxicação por estes compostos, incluindo insuficiência hepática aguda, insuficiência renal aguda e rabdomiólise. Nestes casos o tratamento prolongado é recomendado, dado que muitas vezes estas manifestações podem levar à morte do indivíduo (German et al. 2014; Valente et al. 2014). O uso de N-acetilcisteína pode ajudar a reduzir alguns desses efeitos hepatotóxicos (McGraw 2012).

 

 

Tabela 1: Manifestações clínicas provocadas pela toxicidade das catinonas sintéticas. Adaptado de Prosser and Nelson (2012).

CASOS DE EXPOSIÇÃO À TOXICIDADE DAS CATINONAS SINTÉTICAS:

DADOS RELATIVOS A 2014 E 2015 

Segundo a AAPCC, em 2014 foram reportados cerca de 582 casos de exposição aos bath salts.

No ano de 2015, até ao mês de Março, a AAPCC reportou 103 casos de indivíduos que tiveram contacto com as catinonas sintéticas.

De acordo com os dados recolhidos da American Association of Poison Control Centers (AAPCC), desde 2011 até Março de 2015 o número de casos resultantes da exposição a catinonas sintéticas tem vindo a decrescer. Este centro americano tem notado que a exposição a este tipo de compostos abrange várias idades, desde os mais jovens com 6 anos até a indivíduos mais velhos com 59 anos de idade.

BIBLIOGRAFIA

 

German CL, Fleckenstein AE, Hanson GR (2014) Bath salts and synthetic cathinones: an emerging designer drug phenomenon. Life sciences 97(1):2-8 doi:10.1016/j.lfs.2013.07.023

 

Prosser JM, Nelson LS (2012) The toxicology of bath salts: a review of synthetic cathinones. Journal of medical toxicology : official journal of the American College of Medical Toxicology 8(1):33-42 doi:10.1007/s13181-011-0193-z

 

Valente MJ, Guedes de Pinho P, de Lourdes Bastos M, Carvalho F, Carvalho M (2014) Khat and synthetic cathinones: a review. Archives of toxicology 88(1):15-45 doi:10.1007/s00204-013-1163-9

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